O emblemático “Palácio de Ferro”, construído em 1890 na baixa de Luanda (crê-se que tenha sido resultado da visão do MPLA), reabre ao público este sábado, após obras de requalificação que decorreram durante dois anos para o transformar no Museu do Diamante de Angola.
A história do edifício, possivelmente da autoria de Gustave Eiffel, está envolta em mistério, já que não existem registos da sua origem. Acredita-se que a estrutura em ferro forjado tenha sido construída na década de 1880 ou 90 em França, como pavilhão para uma exposição, e posteriormente desmontado e transportado de barco com destino provável a Madagáscar.
Como é que ele aparece em Angola. Especula-se que o navio que o transportava acabou por ser desviado (por um avoengo dos fundadores do MPLA) da sua rota que, ajudado pela Corrente de Benguela, o fez naufragar perto da Costa dos Esqueletos em território angolano-
Outras fontes indicam que o mesmo acabou por ser desembarcado em Luanda e vendido em hasta pública, tendo sido arrematado pela Companhia Comercial de Angola que, de facto, adquiriu o Palácio de Ferro nos finais do século XIX ou princípios do século XX.
A Companhia Comercial de Angola – CCA – era a maior empresa comercial de África em finais do século XIX, princípios do século XX, e pertencia a três grandes capitalistas da época : António de Sousa Lara, João Ferreira Gonçalves (Ferreira Marques & Fonseca) e Bensaude.
O edifício foi reabilitado com o apoio da empresa Endiama, concessionária estatal do sector diamantífero angolano, depois de décadas de abandono.
No sábado à tarde, a empresa entrega o monumento, já reabilitado, ao Ministério da Cultura, segundo fonte da Endiama. Em paralelo, o espaço abre portas com uma exposição da Fundação Sindika Dokolo (marido de Isabel dos Santos), no âmbito da Trienal de Luanda que decorre até Novembro na capital angolana.
Recorde-se, entretanto, que a Endiama desvaloriza as críticas feitas ao projectado e ao gasto de 70 milhões de dólares para a construção do Museu do Diamante em Luanda. A obra foi anunciada por Carlos Sumbula, presidente da Empresa.
A construção e montagem do Museu do Diamante foi um projecto para executar em três anos e, segundo Carlos Sumbula, incluia a edificação de um prédio envolvente, com sete andares, para rentabilizar o Museu.
As críticas ao projecto surgiram de sectores ligados à luta pela autonomia das Lundas, que questionam a validade do gasto anunciado, antes preferindo a aplicação da verba na melhoria das condições de vida das populações daquelas duas províncias angolanas, Lunda Norte e Sul.
De acordo com uma fonte da empresa, além de constituir um compromisso da Endiama, o projecto imobiliário na zona de edificação do museu “providenciará receitas que cobrirão parte dos custos”. “Por outro lado, a Endiama está já comprometida com acções de responsabilidade social na Lunda Sul, na construção em Saurimo (capital provincial) de 4 mil casas”, disse essa mesma fonte, acrescentando as negociações com o governo provincial da Luanda Norte para a construção, nos municípios do Lucapa e Cuango, de outros projectos de habitação, embora de menor dimensão relativamente ao que está em curso em Saurimo..
Aquando do anúncio da construção do Museu do Diamante, Carlos Sumbula salientou que se pretende montar uma instituição que ajude a contar a história da formação dos diamantes dentro dos quimberlitos.
Angola é, actualmente, o quinto maior produtor mundial de diamantes mas, como em muitas outras áreas económicas, as pedras preciosas não têm gerado benefícios para as comunidades locais, nas províncias da Lunda-Norte e Lunda-Sul, que são as principais áreas de extracção de diamantes do país.